"Nunca consegui entender a Educação sem a troca de conhecimentos, práticas e visões de mundo. Se a interação é importante na sala de aula, na relação entre o aluno e o professor ela se transforma em questão de sobrevivência na gestão e na formação dos profissionais da escola. Foi essa visão que levei para o projeto da CMEI Cid Passos, em Salvador, escola em que atuo como diretora desde sua fundação, em 2003.
Eu e meus colegas da equipe gestora organizamos o seminário Revelando e Refletindo a Nossa Prática no mesmo ano em que a escola foi inaugurada. A idéia inicial era ter um tempo reservado para a troca de experiências entre os docentes. Logo ampliamos a proposta e passamos a convidar colegas de outras unidades para participar desses encontros. Hoje temos um evento que reúne cerca de 250 educadores de várias escolas da região todo mês de novembro.
Em um dia, durante oito horas, nossos professores apresentam os principais projetos institucionais da CMEI e coordenam oficinas e debates sobre estratégias de ensino e gestão. Dessa forma, temos a chance de divulgar nossas experiências e conhecer o trabalho desenvolvido por outros educadores e os resultados obtidos. Para que esse momento seja bem-sucedido, começamos a nos preparar em agosto, quando convoco uma reunião com toda a equipe. É quando nos organizamos em seis comissões: divulgação, recepção, ornamentação, inscrição, programação e avaliação. Além de enviar o convite pelo correio eletrônico para todas as escolas da rede municipal, visitamos algumas unidades e também as faculdades de Educação para chamar professores, gestores e estudantes. No seminário do ano passado, apresentamos três projetos: de leitura, de arte e de brinquedos e brincadeiras.
Essa vivência de troca, aqui, na Cid Passos, tem lugar o ano todo, a começar pelas reuniões quinzenais de formação e planejamento pedagógico. Sempre discutimos temas relacionados à Educação Infantil, planejamos projetos institucionais e debatemos as práticas de ensino e de gestão com os professores, a equipe gestora e os funcionários. O seminário é uma extensão dessa prática.
Nossa vontade de fazer intercâmbio já ultrapassou fronteiras e hoje temos um contato próximo com as escolas da cidade de Reggio Emilia, na Itália, reconhecidas internacionalmente pelo trabalho com o protagonismo das crianças na Educação Infantil. Dois professores nossos viajaram para conhecer as experiências de lá e, quando voltaram, organizamos um encontro para compartilhar com toda a rede o que eles aprenderam. “Todas essas trocas e contatos permitem repensar nossa prática, num processo constante de formação profissional que acredito ser essencial para uma escola que pretende oferecer uma Educação de qualidade para as crianças.”
Artigo da revista Gestão Escolar, Vol 6, p. 11 de Patricia Barral
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